Vereadores derrubam veto e mantêm reajuste dos próprios salários

Em pé, os vereadores que votaram para reajustar os próprios salários.

A maioria dos vereadores de Bela Vista do Paraíso derrubou o veto do prefeito Fabrício “Jacaré” Pastore (DEM) e manteve o reajuste de 10,16% em seus próprios salários. Assim, o subsídio passará a ser de R$ 5.251,90 mensais. Já presidente da Casa vai receber R$ 6.564,88. Os salários do prefeito e da vice-prefeita não terão reajuste.

A decisão dos vereadores aconteceu 15 dias após o prefeito vetar o reajuste dos salários dos políticos, mantendo apenas a correção para os servidores. A decisão de Jacaré, no entanto, gerou revolta em alguns vereadores, que dariam a última palavra sobre o assunto.

MANIFESTAÇÕES

Na sessão seguinte aos vetos, no dia 22 de fevereiro, o vereador Sérgio Menck (PSL) disse que não voltaria atrás sobre o reajuste. “Eu fui pela maioria e votei (a favor). Já votou. Não sou moleque para voltar atrás. Eu votei e sou a favor (do reajuste)”, disse ele. O vereador também afirmou que algumas pessoas estavam “conversando mole” sobre o assunto por “inveja”.

Já o presidente da Casa, José Maria (DEM), relembrou que o reajuste é anual e disse que todos os municípios deram a recomposição. Ele também relatou que houve acordo entre todos os vereadores para votarem a favor do reajuste. “Fizeram um vídeo e jogaram a população contra a gente”, disse. Ele também leu uma lista de recursos obtidos para o município pelos vereadores junto a deputados de suas bases.

O vereador Maykon Barros (DEM) declarou que entrou na política “primeiramente, com certeza, visando o salário que um vereador ganha”. Ele afirmou ainda que, para ganhar esse salário, investiu na campanha e contraiu dívidas. “Eu sabia que nessas condições eu teria possibilidade de fazer um bom trabalho. Que eu estaria respaldado financeiramente. Mas eu estou correndo atrás para fazer valer o que eu estou ganhando”, afirmou.

Em sua fala, o vereador Rafael Palu (MDB) confirmou que foi a favor da redução de salários, como revelou o Telégrafo. “Eu assumo o compromisso de votar a favor da redução de salários dos vereadores”, afirmou.

Em um aparte, o vereador Geovani Pascoal (DEM) disse que pretende reduzir os salários para acabar com as brigas sobre o assunto. “Na próxima gestão, quem quiser ser vereador vai ter que se contentar com um salário mínimo”, disse ele.

Pascoal também mandou recados ao prefeito e disse que a maioria votou a favor do reajuste porque o projeto foi enviado pela Prefeitura. “Sem os vereadores o prefeito jamais conseguiria nada. Ele não entendeu que nós somos as pernas dele. Sem perna ele não anda”, declarou. Ele também chamou o prefeito de covarde por vetar o projeto de reajuste que o próprio Executivo enviou.

VETO DERRUBADO

A votação sobre os vetos aconteceu em uma sessão extraordinária, nesta sexta-feira (04), convocada sem comunicado acessível à população. Foi em uma reunião de cinco minutos, sem manifestação dos vereadores, logo depois da sessão que deu posse à vice-prefeita Lúcia Darcin (PSDB) para comandar o Executivo municipal durante as férias de 20 dias do prefeito Jacaré. Assista ao vídeo da sessão.

A decisão foi por sete votos a um. O vereador Ricardo Bandolin (PTB) não compareceu à sessão e o vereador Lindervaldo Simão (PSL) votou contra o reajuste.

O veto sobre a correção inflacionária dos salários do prefeito e da prefeita em exercício foram mantidos por unanimidade. Por isso seus salários permanecerão iguais.