Manter maternidade em Bela Vista seria “no mínimo questionável”, afirma 17ª Regional de Saúde

Entrada do Hospital São Jorge, em Bela Vista do Paraíso. Foto: Filipe Muniz

A 17ª Regional de Saúde afirmou que manter em Bela Vista do Paraíso uma maternidade adequada aos padrões atuais seria “no mínimo questionável” considerando a baixa demanda por partos e o alto custo para manter a estrutura.

A manifestação da Regional aconteceu em resposta a um pedido de informações enviado pelo TELÉGRAFO em março de 2020. (Veja a íntegra do pedido). Descumprindo os prazos da Lei de Acesso à Informação, a Ouvidoria do governo estadual só respondeu ao pedido na terça-feira (13). (Veja a íntegra da resposta).

O órgão estadual de saúde afirmou que a Rede Mãe Paranaense, criada em 2012, estimulou que as maternidades mantivessem uma escala médica completa, com obstetras, pediatras e anestesistas. Porém, as maternidades de diversas regionais do Paraná tinham escalas reduzidas.

Por isso, os gestores municipais e estaduais concordaram em enviar suas gestantes para hospitais mais estruturados. (Veja o documento de pactuação).

Em um primeiro momento, segundo a 17ª Regional de Saúde, os gestores do Hospital Municipal São Jorge decidiram manter em Bela Vista os partos de risco habitual, direcionar para Cambé os de risco intermediário e para Londrina os de alto risco.

Em 2019, os três obstetras que atendiam no Hospital Municipal teriam solicitado desligamento. Por isso, os gestores, ainda de acordo com a 17ª, teriam optado por enviar também os partos de risco habitual para Cambé.

DADOS

No documento, a regional afirma que entre outubro de 2019 e julho de 2020 foram realizados 57 partos de risco habitual e intermediário, e 36 de alto risco em gestantes de Bela Vista. Diante disso, a média de cinco partos por mês não justificaria financeiramente manter obstetra, pediatra e anestesista de plantão 24 horas por dia.

“A realização de uma média de cinco partos por mês em um hospital de pequeno porte, que para garantir a segurança do binômio mãe/bebê teria que manter escala […] nas 24h, é no mínimo questionável considerando a limitação de recursos para a saúde” escreveu a Regional.

Atualmente, o Hospital Municipal São Jorge possui uma sala para realizar partos de emergência, caso necessário. Do contrário, todas as gestantes são encaminhadas para Cambé ou Londrina.

Questionada, a 17ª Regional de Saúde ainda não informou quais dos municípios que a integram ainda mantêm os partos nas maternidades municipais.

Depois de aguardar a resposta, o TELÉGRAFO confirmou, nesta quarta-feira (21), que dos municípios vizinhos, apenas Cambé mantém maternidade. Alvorada do Sul, Bela Vista do Paraíso, Prado Ferreira e Florestópolis encaminham seus partos de risco habitual para Cambé. Já Primeiro de Maio e Sertanópolis (que possui uma autarquia de saúde) encaminham esses partos para Ibiporã. Todos os municípios encaminham os partos de alto risco para Londrina.