Cirurgia rara de cotovelo devolve movimento a paciente no Paraná

Foto: Divulgação.

Depois de ficar cerca de três anos com graves limitações nos movimentos do cotovelo esquerdo, provocado por uma luxação crônica, hoje Maikon Teixeira da Costa, de 31 anos, já se permite pentear os cabelos e levar a mão à boca.

Maikon Costa foi submetido a uma cirurgia no cotovelo considerada rara e complexa. O procedimento foi feito pela equipe da ortopedia cirúrgica do Centro Hospitalar de Reabilitação, em Curitiba.

Foi a primeira vez que esse tipo de cirurgia foi feita no CHR, que atende 100% pelo SUS, devido ao alto nível de especialização médica e materiais exigidos. Uma outra condição especial possibilitou o procedimento – a diretoria do hospital com apoio da Secretaria de Estado da Saúde providenciou o material de órtese necessário – um fixador externo articulado de cotovelo para ser colocado no braço do paciente.

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LUXAÇÃO

A luxação é o deslocamento de um ou mais ossos de uma articulação e acontece quando uma força atua direta ou indiretamente sobre nosso corpo. Em termos clínicos, é definida como perda do contato articular, isto é, a separação de uma articulação que é composta por duas superfícies articulares.

Segundo o médico Douglas Schumann, responsável pela cirurgia, os casos de luxação de cotovelo são recebidos e tratados na emergência médica, pois normalmente provém de uma queda ou acidente com traumatismo, lesão congenital ou frouxidão de ligamentos gerada por doenças crônicas. Ao longo do tempo a luxação crônica pode evoluir para artrose e rigidez articular.

Ele explicou que quando o cotovelo luxado não é tratado em até três meses a complexidade do tratamento aumenta, exigindo procedimento cirúrgico aberto, como no caso de Maikon que sofreu uma queda em uma partida de futebol e não passou por cuidados adequados no início da lesão.

A cirurgia exigiu a colocação do fixador, reconstrução de ligamentos do cotovelo; retirada de osteófitos – formações ósseas anormais que se formaram devido ao tempo da lesão; redução das articulações e colocação dos ossos no lugar, e ainda colocação do fixador externo articulado para proteção do reparo dos ligamentos.

Maikon já não conseguia mais fazer as atividades simples que exigissem flexão do cotovelo, como higiene pessoal, pentear os cabelos, pegar objetos, levar alimentos à boca. “A musculatura da mão esquerda estava hipotrofiada por falta de uso, em consequência da restrição da mobilidade do cotovelo O caso dele já estava conduzindo à atrofia”, diz o médico.

CONDUTA CLÍNICA

Após a primeira avaliação médica, o procedimento já foi indicado. “Tivemos muita cautela na análise devido à complexidade do caso. A colocação do fixador permitiu que o paciente já mexesse o cotovelo no pós-operatório. Sem o equipamento, o cotovelo precisaria ficar imobilizado depois da cirurgia, correndo o risco de provocar rigidez na articulação”, disse Douglas Schumann.

No décimo dia do pós-cirúrgico o paciente conseguiu movimentar o braço, o que foi considerado uma grande conquista na área da cirurgia ortopédica.

Um mês após a cirurgia, sendo submetido à fisioterapia específica, Maikon fazia flexão e extensão do cotovelo com o fixador externo e, depois de quatro meses, já levava as mãos à cabeça e à boca.

O paciente relata hoje que melhorou muito a movimentação do braço. “Foi uma grande ajuda, pois meu dia a dia estava limitado, estou bem satisfeito com a cirurgia e me esforçando na recuperação”, disse.

Douglas Schumann disse a fisioterapia seguirá até agosto, buscando uma amplitude ainda maior dos movimentos.