Temer convoca reunião para discutir ataque a venezuelanos em Roraima

Foto: Geraldo Maia/Agência Brasil

O presidente Michel Temer convocou para este domingo (19), às 10h30, reunião no Palácio da Alvorada, para discutir a crise causada pela reação de moradores do município de Pacaraima, em Roraima, que fica na fronteira com a Venezuela.

Os moradores expulsaram venezuelanos de barracas e abrigos, inclusive ateando fogo, depois que um comerciante local foi assaltado e espancado.

Temer chamou para a reunião os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), que pode ser representado pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Marcos Galvão, pois o chanceler tem viagem marcada para a Bolívia.

O Ministério da Segurança Pública enviará efetivo extra da Força Nacional para Pacaraima, onde as equipes já desenvolvem operação de apoio à Polícia Federal. A previsão é que o reforço chegue nesta segunda-feira (20) à cidade.

A imprensa de Roraima menciona ainda reforço por parte da Polícia Federal. Não há confirmação deste dado.

Relembre o caso

A tensão começou no fim deste sábado (18) com um ato em frente ao Comando Especial de Fronteira do Exército, que fica na cidade, contra a presença de refugiados da Venezuela.

A manifestação pacífica culminou com episódios de violência.

A crise foi deflagrada por um assalto e espancamento de um comerciante em casa supostamente por quatro venezuelanos, provocando revolta nos moradores.

Também irritou a população a falta de uma ambulância para socorrer o comerciante, que foi atendido no hospital da cidade. Seu estado de saúde é estável.

À Agência Brasil, o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, que está fora de Roraima, disse que a situação ainda não está controlada e que, segundo sabe, venezuelanos continuam a ser perseguidos para fora da cidade.

Reações

O governo de Roraima informou, em nota, ter enviado reforços da Polícia Militar para conter os ânimos, bem como profissionais de saúde e medicamentos para suprir as necessidades do hospital de Pacaraima. O texto também afirma ser “preciso que o Exército Brasileiro garanta a ordem na fronteira com a Venezuela”.

Na nota, o governo de Roraima voltou a reivindicar o fechamento da fronteira com a Venezuela e uma maior atuação do governo federal para lidar com a crise humanitária. Neste mês, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou uma liminar (decisão provisória) que havia sido pedida para fechar a fronteira entre os dois países.

A Força-Tarefa Logística Humanitária – composta pelas Forças Armadas e integrada por organismos internacionais, organizações não governamentais e entidades civis – divulgou nota em que diz prestar apoio aos atendimentos no hospital local e que “repudia atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente de sua nacionalidade”.

O Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores da Venezuela informou neste domingo (19), em nota, ter tomado conhecimento de casos de violência envolvendo cidadãos brasileiros e venezuelanos ocorridos nos últimos dias na cidade de Pacaraima, em Roraima, que fica na fronteira entre os dois países.

De acordo com a chancelaria venezuelana, foram solicitadas ao Ministério de Relações Exteriores do Brasil (MRE) “garantias correspondentes aos nacionais venezuelanos e medidas de resguardo e segurança de seus familiares”.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, lamentou o episódio em Pacaraima, no estado de Roraima, envolvendo brasileiros e venezuelanos e disse que, se uma ação urgente não for tomada, há riscos de novas tragédias. Ele afirmou que conhece o local e que Roraima não dispõe de condições para receber os cerca de 800 venezuelanos que chegam diariamente ao estado.