Julgamento deve seguir madrugada adentro com plenário lotado e fila de espera

Foto: Filipe Muniz/Telégrafo

Deve se arrastar madrugada adentro o julgamento em juri popular de Willian Ricardo Chaves da Costa (30 anos), o “Willian do Dé”, e seus parentes Bruno Cesar da Costa (24 anos), Junior Cesar da Costa Choptian (20 anos) e Ricardo Aparecido Chaves (42 anos), acusados do homicídio e ocultação de cadáver de Lucas Henrique dos Santos Ferraz, conhecido como Benê, à época com 19 anos.

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Por volta das 0h30 desta quarta-feira (27), o Ministério Público (MP), responsável pela acusação, encerrava sua fala de três horas, que foi usada em revesamento entre a promotora Ana Maria de Oliveira Santos e o promotor substituto Ricardo Augusto Farias Monteiro. Na sequência, a defesa terá três horas para se manifestar. Ambas as partes ainda podem usar mais duas horas para réplica e tréplica.

Apesar do horário, o plenário do fórum está lotado. O acesso está sendo controlado por senha. No portão, o segurança permite que uma pessoa entre apenas quando outra sai. Há fila de pessoas querendo entrar. Outras, apenas se aglomeram no lado de fora do portão. Apesar do grande comparecimento, o processo aconteceu de forma tranquila, conforme as regras definidas pelo juíz.

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De manhã, as testemunhas haviam sido dispensadas. À tarde, foram exibidas nove gravações de depoimentos que já haviam sido prestados. Depois disso, o juiz suspendeu a sessão para o café da tarde. Na sequência, foram interrogados os quatro acusados, separadamente.

Da esquerda para a direita: a promotora Ana Maria de Oliveira Santos, o promotor substituto Ricardo Augusto Farias Monteiro e o juiz Helder José Anunziato. Foto: Filipe Muniz/Telégrafo

INTERROGATÓRIO

O primeiro a ser interrogado foi Willian. Ele confessou que portava uma pistola .380 sem ter registro e nem autorização para o porte. Também contou que participou das agressões. No que pareceu uma tentativa de suavizar os acontecimentos, ele acabou entrando em contradição com o seu sobrinho, Bruno, que foi ouvido na sequência.

Willian disse, por exemplo, que os amigos de Benê também entraram na briga. A versão é contestada pelas testemunhas e por Bruno, que afirmam que Benê ficou sozinho depois que seus amigos fugiram. Willian também disse que os quatro não foram para Londrina, enquanto seus parentes disseram que sim. Também afirmou que o frentista do posto foi quem mandou eles retirarem Benê de dentro da loja de conveniência do posto de combustíveis, o que gerou uma pergunta em tom crítico do juiz Helder José Anunziato, que presidia o julgamento. ‘Então vocês recebem ordens do frentista? Que poder vocês têm para retirar alguém de algum lugar? Por acaso são policiais?”, questionou o juiz. Willian negou, no que Helder respondeu: “então vocês retiraram porque quiseram, não porque o frentista mandou”.

Os acusados não quiseram responder as perguntas do MP. Depois, um dos advogados de Willian tentou fazer perguntas sobre a sua situação carcerária, como sobre o tamanho da cela, a quantidade de presos, de banhos de sol por dia, e a refeição. As perguntas geraram um debate acalorado entre o advogado e o juiz. ‘A situação carcerária dele é a mesma de todos os outros presos’, disse o juiz, em tom enfático, acrescentando que ‘todo mundo conhece a situação carcerária do Brasil’ e que a pergunta não era relevante. Ele afirmou que ia indeferir qualquer pergunta sobre a situação carcerária. ‘Mas eu tenho o direito de perguntar’, afirmou o advogado. ‘Você pode perguntar, mas eu vou indeferir todas’, rebateu Anunziato.

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O acusado Ricardo Chaves negou qualquer envolvimento, tanto nas agressões quanto no homicídio. Ele disse que não ajudou a separar os envolvidos, mas que outras pessoas também não ajudaram. ‘Eu estou perguntando é sobre você’, disse o juiz. Ricardo afirmou que nas mensagens por Whatsapp onde disse estar se achando um monstro, ele se referia ao que causou em sua família, que teve a residência queimada e saqueada, e que precisou fugir da cidade. ‘A gente sempre foi trabalhador’, se defendeu.

Por sua vez, Junior assumiu ter participado das agressões, mas conta que não sabia nada sobre o homicídio até ouvir o irmão, Bruno, confessar para a família. Ele disse não ter envolvimento, e contou que, quando se entregou na delegacia de Iguatemi (MS), achava que seria liberado e que responderia apenas pelas agressões.

Já Bruno confessou ter sido o único autor do homicídio, e deu a sua versão sobre os fatos. Leia na próxima matéria.