O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, determinou que a Polícia Federal investigue as ameaças sofridas por jornalistas da Folha de S.Paulo após publicação de matéria sobre esquema de envio de mensagens em massa na plataforma WhatsApp para favorecer o candidato Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República.
Em despacho encaminhado ao diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, Jungmann citou uma matéria do próprio jornal sobre as ameaças a que a jornalista Patrícia Campos Mello, que assina a reportagem, estaria sendo alvo.
“[…] tendo tomado ciência de matéria publicada no jornal Folha de São Paulo […] determino que sejam adotadas as providências necessárias à apuração dos fatos e à identificação de autoria, circunstâncias e motivações com eles envolvidas”, disse o ministro no documento enviado à PF.
O ministro acrescentou que, caso sejam confirmadas as acusações apresentadas pelo jornal, “pode-se estar diante da configuração de ilícitos penais, e de direta ofensa à inviolabilidade de correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa”.
Pedido de apuração
Nesta quarta-feira (24), o jornal pediu investigação da PF, por meio de representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de Patrícia, o jornal afirma que outros dois jornalistas que participaram da apuração da reportagem também vêm sofrendo ataques.
No dia 19 de outubro, a Folha publicou reportagem denunciando um esquema de compra de envio estruturado de mensagens em massa no aplicativo WhatsApp que seria bancado por empresários favoráveis a Bolsonaro. Os contratos chegariam até R$ 12 milhões. Bolsonaro e executivos citados na reportagem negaram qualquer envolvimento.
Invasão de conta
Patrícia Campos Mello teve sua conta de WhatsApp invadida. Os hackers enviaram mensagens a favor do candidato do PSL para contatos armazenados. Além disso, ela recebeu ameaças por telefone de números desconhecidos.
Ainda de acordo com a Folha, circularam imagens entre grupos de apoiadores de Bolsonaro incitando eleitores a confrontar a jornalista em uma palestra marcada para o dia 29, além de uma montagem onde ela apareceria abraçada ao candidato do PT, Fernando Haddad. Patrícia Campos Mello teve de fechar sua conta no Twitter, passando a permitir apenas interação com seguidores autorizados.