O desembargador Laertes Ferreira Gomes, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), negou o pedido de habeas corpus ao ex-governador Beto Richa (PSDB), candidato ao Senado, e de sua mulher Fernanda Richa. Eles estão presos há dois dias em Curitiba após uma operação da Polícia Federal para investigar irregularidades em programa de estradas rurais.
O desembargador, na decisão de cinco páginas, menciona ainda a preocupação com o que chamou de “organização criminosa hierarquizada” com suspeitas de fraudes a licitação, lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo mais de R$ 70 milhões.
Na decisão de desta quarta-feira (12), o desembargador disse que a medida foi tomada para servir de “referência” para impedir o descaso às instituições públicas. Laertes Gomes autorizou ainda a entrada de “alimentação específica” para o paciente que sofre de doença celíaca (intolerância a glúten).
Prisão
Beto Richa e Fernanda Richa estão presos, há dois dias, no Regimento da Polícia Montada Coronel Dulcídio, em Curitiba. A Justiça Federal mandou bloquear R$ 50 milhões em bens de aliados do ex-governador.
Segundo a secretaria estadual da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Richa e a esposa ocupam duas salas, separados um do outro. O ex-governador ocupa um espaço de cerca de 30 metros quadrados (m²); Fernanda, um de cerca de 25 m².
A assessoria informou ainda que as duas salas contam com banheiros privativos, camas e armários e oferecem condições de receber os presos em segurança.
Operações
Richa e a mulher foram detidos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no âmbito da Operação Radiopatrulha, que apura irregularidades na seleção de empresas contratadas para cuidar da manutenção de estradas rurais.
Deflagrada pelo Ministério Público do Paraná, a operação envolveu a execução de outros 13 mandados de prisão temporária e de 26 de busca e apreensão. Entre os detentos na operação estadual também está o irmão do ex-governador, Pepe Richa, ex-secretários de governo e empresários.
Na terça-feira (11), Richa e seu grupo político foi alvo de uma segunda ação policial. Deflagrada pela Polícia Federal (PF), a Operação Piloto é um desdobramento da Lava Jato e investiga o envolvimento de funcionários públicos estaduais e empresários com a empreiteira Odebrecht, em um suposto esquema de favorecimento de licitação para obras na rodovia estadual PR-323. Contratada em 2014, a obra foi inicialmente orçada em R$ 7,2 bilhões.