O decreto estadual que determinou o fechamento das atividades consideradas não essenciais caiu muito mal entre um grupo de comerciantes lojistas de Bela Vista do Paraíso. Inconformados, eles decidiram seguir o que está sendo adotado em Londrina. A intenção é continuar pressionando para que a ordem de fechar as lojas seja retirada.
Desde que o governador Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) assinou e divulgou o documento, houve muita apreensão e insegurança. Na noite de 30 de junho, dia da vigência do decreto, começou uma movimentação pela redes sociais.
Mensagens divulgadas por esse meios anunciavam que as lojas estariam abertas no dia seguinte. E assim foi.
Na quarta-feira (1º), o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), não aderiu ao decreto, e anunciou que iria recorrer. Com isso, animou aqueles que se opõem à determinação de fechamento.
CABO DE GUERRA
A Prefeitura Municipal de Bela Vista do Paraíso ficou entre a cruz e a espada. De um lado, já havia adotado as regras estaduais, e sido notificada pelo Ministério Público Federal para que cumprisse o que mandou o governador.
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Por outro lado, o prefeito Edson Vieira Brene (PSD), é pressionado pelos lojistas, que fazem parte da ACEB (Associação Comercial e Empresarial de Bela Vista do Paraíso).
A Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), da qual Bela Vista faz parte, mandou ofício ao governador e ajudou a engrossar o coro do setor econômico contrariado. Enquanto isso, Brene assinou, na manhã desta sexta-feira (3), o decreto 93/2020, que adia para domingo (5) o início do cumprimento das determinações estaduais.
O documento veio depois de uma reunião que aconteceu na manhã de hoje, na Câmara Municipal, na qual os comerciantes expuseram suas demandas. Como anunciou a ACEB, ficou acertado que o comércio lojista de Bela Vista estaria aberto até às 16h nesta sexta-feira, e até às 12h neste sábado. “Se o Ministério Público pedir o fechamento, teremos que obedecer”, escreveu a associação em um comunicado que circulou na internet.
INSATISFAÇÃO
O cenário para a próxima semana ainda é incerto. Determinados a seguir Londrina, o grupo de lojistas não garante que não vai abrir as portas na segunda-feira (6), mesmo com as determinações do novo decreto municipal.
“A partir de segunda-feira, a gente vai acompanhar o que aconteceu com Londrina para traçar novamente o que vamos fazer de segunda pra frente”, afirmou a vice-presidente da ACEB, Rosemeire Savi. “Nós estamos apoiando o Belinati. Se Londrina conseguir, com certeza nós vamos correr atrás de nosso objetivos”, acrescentou.
Savi afirma que aquela cidade é a referência por ser a sede da 17ª Regional de Saúde, da qual Bela Vista faz parte. “Se Londrina tem leitos suficientes, está dentro dos parâmetros corretos contra a pandemia, não tem motivo para a gente se desligar de Londrina”, declarou.
DEMANDAS
Representado o grupo de lojistas insatisfeitos, ela disse que o comércio gera empregos e que depende das vendas para honrar seus compromissos com fornecedores e funcionários, além de pagar suas contas.
A empresária argumentou que haveria uma falta de incentivo do governo para eles durante essa pandemia, e disse que a questão não é sobre lucro, mas evitar demissões. Ela também afirma que há um tratamento desproporcional entre as lojas e outros tipos de estabelecimentos.
Savi criticou as regras que valem para os supermercados, argumentando que eles vendem muitos produtos que também seriam vendidos nas lojas, o que prejudicaria os lojistas.
“Não é dentro de uma loja de calçados, de uma loja de confecções, que vai ter aglomeração de pessoas. A gente tem três clientes dentro da loja de uma vez. Quer ver aglomeração? Vai na fila da Lotérica”, concluiu a comerciante.
De acordo com a Folha de Londrina, o prefeito Marcelo Belinati deixou claro que, caso o governo do Paraná decida não voltar atrás, a suspensão das atividades em Londrina passará a valer a partir da semana que vem.