Uma equipe da Funai (Fundação Nacional do Índio), em expedição no estado do Amazonas, após percorrer uma região de difícil acesso, conseguiu localizar através do uso de drones evidências de índios isolados que vivem em mata densa, no sudoeste do Amazonas, na fronteira entre o Brasil e o Peru.
O coordenador geral da expedição Índios Isolados, Bruno Pereira, em entrevista à Sputnik Brasil, respondeu sobre os objetivos da expedição, explicando que a ação tem como objetivo a vigilância e a fiscalização para coibir a ação de infratores e garantir a posse plena do território pelos indígenas e a segurança dos indígenas.
“Esse é um trabalho que a Funai já realiza há muito tempo, e temos um departamento especializado para monitorar os índios isolados […] a equipe da Funai se deslocou vários dias por rios e por terra para coletar evidências de que esse grupo estava bem”, declarou.
Bruno Pereira contou que a região ao longo do rio Juruazinho possui a maior quantidade de registros confirmados de grupos de índios isolados do país. De acordo com o especialista da Funai, há seis povos contatados (matsés, matis, marubos, kanamaris e kulina-panos), dois de recente contato (korubos e tsohom djapas) e 16 registros em estudo de índios isolados nessa região.
O especialista também destacou que não foi feito contato direito com esses índios e que esse contato poderia trazer transtornos para essa tribo isolada, como por exemplo doenças.
“O contato direto é muito perigoso, até porque os indígenas isolados não sabem o que é Funai, nem o que é o jornalista, o padeiro, às vezes a identificação pode ser referência de um inimigo histórico deles, então é muito perigoso se aproximar. Outra questão é a epidemiologia. Se você se aproxima, você pode levar gripe, doenças infecto-contagiosas. Os índios isolados não tem vacina. Então é muito perigosa a proximidade latente dos índios isolados”, destacou.
De acordo com ele, quando a expedição verificou que estava a cerca de 900 metros de distância dessas comunidades, foi feito um recuo de toda a expedição.
“O que é importante dizer é que desde 1987 o Brasil, na sua luta constituinte, muda o paradigma de contato. Antes o Brasil avançava o Estado brasileiro com seus projetos para Amazônia, com seus projetos de desenvolvimento fazendo contato com grupos isolados”, disse.
De acordo com ele, em 87 um grupos de indigenistas de vários estados observaram como era ruim esse contato para os índios isolados, e passou-se a respeitar mais a autonomia desses grupos. “Então a partir de 87, o paradigma do Estado brasileiro muda”, completa.
*Da Sputnik Brasil