Diversificar os negócios sempre é bom, especialmente para reduzir os custos das culturas principais, de soja e milho. Há alguns anos o produtor Antonio Aparecido dos Reis, de Bela Vista do Paraíso (PR), adicionou a piscicultura à sua atividade.
Em 24 mil metros quadrados de uma área antes inaproveitada da Fazenda Água Clara, na vizinha Florestópolis, ele produz tilápias que são fornecidas para engorda a compradores de várias regiões. Estão prontas quando atingem o peso entre 800g e 1,2kg. “Esse espaço aqui, antigamente, era só brejo. Hoje é a parte mais valorizada da propriedade” sorri Antônio, o Toniquinho Reis, como é conhecido o médico-veterinário de família tradicional no município.
Com o faturamento obtido nos tanques, Toniquinho dilui o investimento na soja, plantada em 135 alqueires [326,7 hectares]. “Mais ou menos o equivalente a 30 sacas por alqueire”, calcula. Em resumo: para uma estimativa de custos diretos com a soja que correspondem a 70 sacas por alqueire, a receita da piscicultura faz com que o desembolso caia para 40 sacas por alqueire, em média.
BRAQUIÁRIA
Além do peixe, pomares de laranja cultivados em oito alqueires, numa outra propriedade, também ajudam no orçamento. Mas o produtor não queria ficar dependendo da receita de outros negócios para aumentar a lucratividade na soja.
Nesse caminho, entre outras iniciativas, há quatro anos ele começou a cultivar capim braquiária em consórcio com o milho de inverno, orientado pela cooperativa. Enquanto alguns agricultores do município viam a braquiária com reservas, sua decisão foi a de ir em frente: “Se está dando certo em todo lugar, por que não daria certo aqui também?”, pensou.
Em paralelo, sempre aberto a tecnologias, ele não descuidou da adubação com fertilizantes especiais, mediante análise de solo, em um programa de agricultura de precisão no qual faz ajuste fino com a reposição de vários nutrientes.
“O mais importante de tudo é a construção da fertilidade do solo e, em relação a isso, a braquiária é a ferramenta principal”, comentou o produtor, que é assistido pelo engenheiro agrônomo Josimar Mazucato, da unidade local da Cocamar. Ele explica que o capim atua na reestruturação física do solo, descompactando-o com suas raízes e mantendo a umidade em todo perfil do solo, o que beneficia as plantas em condições adversas.
Além disso, ajuda a controlar ervas como a buva e o amargoso, diminuindo gastos com herbicidas. “Depois da braquiária, o perfil do solo melhorou muito na profundidade e também na formação de matéria orgânica.” O pH também melhorou: de abaixo de 4,0, agora está acima de 5,0.
CRESCENDO
O resultado disso tudo é que se até alguns anos a média de produtividade de soja patinava em 120 sacas por alqueire (49,5/hectare), o patamar agora é outro: subiu para 150 sacas por alqueire (61,9/hectare). E o produtor já está de olho em uma nova meta: 180 sacas por alqueire de média (74,3/hectare).
O engenheiro agrônomo Josimar Mazucato conta que tem havido expansão de braquiária em Bela Vista do Paraíso e municípios da região, um assunto no qual a família Reis se tornou referência. “O Toniquinho gosta de usar produtos de primeira qualidade e está sempre interessado em conhecer novas tecnologias”, diz Mazucato.
*Da Assessoria de Imprensa Cocamar com a redação do Telégrafo