Estudante processa município de Bela Vista após seu bebê receber vacina vencida

UBS Orlando do Rio. Foto: Filipe Muniz

A aplicação de dose da vacina rotavírus vencida já gerou processo judicial para o município de Bela Vista do Paraíso. A estudante Daniele Valeze afirma que entrou com ação por danos morais depois que o seu bebê de dois meses recebeu a dose, de via oral, que estava há 18 dias fora do prazo de validade. Rotavírus é uma infecção que causa gastrenterite aguda, com sintomas como diarreia, vômito e febre, dentre outros.

A estudante levou o seu filho até a UBS Orlando do Rio no dia 18 de abril. Ela contou que dias depois, quando foi olhar na carteirinha de vacinação para responder a uma dúvida da sua irmã, é que percebeu que o rótulo da vacina indicava que ela havia vencido em março. “Eu liguei imediatamente no posto e eles mandaram eu ir lá, que elas iriam me explicar o que aconteceu. A enfermeira tentou se justificar e falou que foi um erro, que isso nunca aconteceu no posto”, relatou.

Daniele disse que ficou preocupada porque não sabia o que poderia acontecer com a criança, quais seriam os efeitos da vacina e se ela estaria imunizada. “Eu conversei com o pediatra e ele não me garantiu a eficácia da vacina. Ele disse que elas protegem 98%, mas que ele [o bebê] só está está protegido cerca de 75% a 80%”, afirmou. “Eu fiz um post falando do que aconteceu e eu vi que tinha outras mães, algumas que deram a vacina no ano passado e estavam vencidas”, disse.

Outro lado

O diretor do Departamento de Saúde, Ricardo Krei Bandolin, afirma que o caso é grave e que o departamento entrou em contato com a 17ª Regional de Saúde, que informou que, com o reforço que será dado 60 dias depois, a criança estará 100% imunizada. Em resposta ao departamento, a Fiocruz Bio-Manguinhos, que fabrica a vacina, informou que a qualidade do medicamento só pode ser garantida até o final do prazo de validade, mas afirmou que a vacina aplicada 18 dias depois não deve ter alterado o seu perfil de segurança e eficácia. (Clique aqui para ver o ofício).

Bandolin disse não ter o número preciso de quantas crianças receberam a dose nessas condições. “Estamos fazendo a busca ativa e não temos esse número preciso ainda”, informou. “Infelizmente houve essa falha e imediatamente aplicamos uma advertência para toda a equipe para evitar que aconteça novamente. Daqui para frente, todas as vacinas a serem feitas nós vamos mostrar a validade e o lote para a mãe antes”, relatou o diretor.

Ele lembrou que a vacinação é importante e que os responsáveis pelas crianças não devem deixar de fazer a imunização. “A gente pede que as pessoas não usem essa falha para deixar de vacinar os seus filhos. Com a vacinação, conseguimos combater diversas doenças. Nós sabemos que houve falha, mas isso não pode comprometer todo o trabalho do pessoal”, afirmou.