“Eu estou em todas desde 1979”, diz instrutor sobre sua história com as fanfarras

Foto: Arquivo pessoal e Filipe Muniz.

“Se você olhar as fotos, eu estou em todas desde 1979”. A frase de Denilton Belomi resume bem a sua história com as fanfarras em Bela Vista do Paraíso. O atual instrutor da fanfarra da Apae, que também comandou o grupo de veteranos que se apresentou no desfile em comemoração pelos 71 anos do município, tomou gosto pelos grupos musicais quando ainda era novo. Tentou por diversas vezes entrar na fanfarra. Quando entrou, em 1979, nunca mais saiu. E a paixão pela área também não saiu dele.

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Mas a história das fanfarras em Bela Vista do Paraíso remonta há muitas décadas. Houve uma época em toda escola do município tinha a sua. Competições eram feitas entre os diversos grupos musicais da região e os colégios bela-vistenses ganharam várias. No entanto, o tempo foi passando e a quantidade de fanfarras, diminuindo. Colégios como o das Irmãs (onde atualmente se encontra o Departamento de Educação, Cultura e Esporte) ou o Estadual Cezar Julio Mansueto Lattes deixaram de existir ou mudaram de nome. As fanfarras ainda continuaram, juntando instrumentos, escolas e até mesmo não-alunos.

Foto: Arquivo pessoal/Denilton Belomi

Na época de ouro, as pessoas disputavam por um espaço no grupo. Faltas seguidas nos ensaios significava expulsão, já que muitos outros esperavam a sua chance de participar. Foi o caso de Denilton. “Eu tive até dificuldade para entrar na fanfarra, porque tinha muita gente querendo. E mesmo tendo fanfarra em todas as escolas, eu implorei para entrar”, conta. “Eu insisti tanto que um dia o instrutor pegou o instrumento de outro cara e falou: se você conseguir tocar, você entra. E eu toquei melhor do que os caras”, lembra Denilton.

Segundo ele, em 1987, após um período de inatividade, a fanfarra do Colégio Estadual Jayme Canet voltou a se organizar. Denilton continuou tocando. Teve vários instrutores até se tornar um, por volta de 1997. De lá pra cá, foi dele a responsabilidade por estes grupos musicais da cidade, mesmo quando outros saíram. “Eu, por ser doente por isso e gostar demais, estou até hoje. Já estou cansando, mas estou indo”, conta.

Foto: Arquivo pessoal/Denilton Belomi

Mais recentemente, ainda houve apresentações dos colégios de Bela Vista. “O Hilário [Vedovatti] foi instrutor de uma fanfarra que teve no Werner [Schmidt, colégio particular], o Nilton, ou foi o Toninho da Farmácia, saíram com o Jayme Canet e o Pedro Valeriano, com a do Colégio Ideal. Esse foi o último desfile que teve em Bela Vista.

A relação de Denilton com as fanfarras é também da família. Seus filhos, nora e esposa também participaram das apresentações. Sob a batuta do instrutor, estiveram vários alunos do Colégio Estadual Jayme Canet. Há dez anos, quando a fanfarra foi desativada, ele não parou: ajudou a montar um grupo no Colégio Estadual Hugo Simas, em Londrina, e trabalhava como instrutor contratado da Apae de Bela Vista, que também se apresentou no desfile.

Foto: Arquivo pessoal/Denilton Belomi

Mas o trabalho do instrutor não se limita a instruir. Se de um lado houve dedicação dos veteranos, que ensaiaram em dias de sol e de chuva, houve também muita dedicação de Denilton ao organizar o grupo, mas também fazendo reparos nos instrumentos. Ele conta que, devido ao preço, o couro tradicional dos equipamentos é substituído por outros materiais: “Eu uso o náilon, mas coloco uma capa de courvin por cima, para melhorar o som”.

Grande atração do desfile, grupo de veteranos da fanfarra encerra as apresentações em comemoração aos 71 anos de Bela Vista do Paraíso. Foto: Filipe Muniz.

A falta de incentivo financeiro foi uma das razões para que a fanfarra se acabasse. Hoje o problema continua e não há definição para que o grupo volte. Enquanto isso, Denilton vai tentando continuar na área de que tanto gosta. “Se eu chegar a parar, acho que morreu a fanfarra, porque a geração depois de mim não tem essa disposição”, lamenta.