ELEIÇÕES 2018

Bolsonaro já disse em entrevista ter tido vontade de fuzilar primeira mulher

Envolto em uma nova polêmica por uma suposta ameaça de morte contra sua segunda mulher, Ana Cristina Valle, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), líder das pesquisas para as eleições presidenciais de outubro no Brasil, já havia dito em 2000 ter tido vontade de fuzilar “várias vezes” a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro.

A declaração do parlamentar foi feita em uma entrevista à revista IstoÉ Gente, em fevereiro de 2000. Nela, o então parlamentar do PPB (ex-PP, atual Progressistas) criticava Rogéria, mãe de seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos, todos hoje detentores de mandatos parlamentares.

“Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas”, declarou Jair Bolsonaro. Segundo ele, o casamento de 19 anos com a primeira mulher acabou porque ela rompeu com o acordo que o casal tinha.

“Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona de casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso. Nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a frequentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores”, afirmou à época o deputado.

Ameaça de morte

A ameaça de morte que Jair Bolsonaro teria feito contra Ana Cristina foi publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso ao telegrama endereçado ao Itamaraty e cujo conteúdo foi confirmado aos repórteres por duas fontes e pelo então embaixador Carlos Henrique Cardim, que assina os textos.

“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”, diz o telegrama.

Em outro trecho do documento, Ana Cristina disse considerar que, ao procurá-la, o vice-consulado do Brasil na Noruega “estava agindo em nome do deputado federal Jair Bolsonaro”.

Na época em que as ameaças foram denunciadas ao Itamaraty, Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial no Rio de Janeiro sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos.

Bolsonaro procurou o Itamaraty para que o órgão intercedesse em seu favor depois que Ana Cristina viajou para a Noruega com o filho do casal. Carlos Henrique Cardim disse que foi procurado pelo vice-cônsul brasileiro na Noruega sobre o assunto.

​”Foi explicada a ela a legislação do Brasil, da Noruega. E aí ela mencionou para o vice-cônsul que estava pensando em pedir asilo. E que teria dito ao vice-cônsul que sofreu uma ameaça de morte do deputado Bolsonaro. E o vice-cônsul me transmitiu isso”, descreveu o ex-embaixador.

Em sua conta no Twitter, o jornalista Rubens Valente, um dos autores da matéria, publicou o trecho do telegrama em que consta a informação de que Ana Cristina alegou ter sido ameaçada de morte por Bolsonaro.

Buscando neste ano um mandato na Câmara dos Deputados, Ana Cristina – que hoje usa o sobrenome Bolsonaro na sua candidatura – negou à Folha e em um vídeo divulgado na internet nesta terça-feira as ameaças que teriam sido feitas pelo ex-marido.

*Da Sputnik Brasil

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Redação

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