Primeiro candidato à Presidência da República na série de entrevistas que será realizada pelos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), João Amoêdo (Partido Novo), defendeu a reforma da Previdência com fixação de idade mínima em 65 anos, desvinculando o reajuste da correção do salário mínimo, mas indexando pela inflação e unificar os regimes dos empregados de empresas públicas e privadas. Também disse que estudaria cobrar contribuição previdenciária dos trabalhadores rurais.
A entrevista foi mediada pela jornalista Roseann Kennedy, com a participação dos jornalistas Luiza Damé, da Agência Brasil, Paulo Leite, da TV Brasil e Valter Lima, da Rádio Nacional.
Amoêdo afirmou que pretende mudar o sistema educacional, invertendo a prioridade de investimentos do ensino superior para o ensino básico. Segundo ele, é preciso também mudar a política de reajuste do salário mínimo limitando à reposição conforme a inflação.
Questionado sobre temas de segurança pública, ele se disse favorável à redução da maioridade penal para 16 anos, a privatização dos presídios e o emprego de tecnologia avançada nas fronteiras para rastreamento financeiro dos recursos oriundos do tráfico de drogas, armas e outros ilícitos.
Para o candidato, a intervenção federal na segurança no Rio, que completou seis meses, deve ser interrompida. Segundo ele, é fundamental rever a legislação que concede indultos e progressão de pena. Para Amoêdo, o Brasil “é muito benevolente” com condenados. Defendeu a aprovação da emenda constitucional que prevê a prisão após condenação em segunda instância. Na sua opinião, as medidas reduzem o “sentimento de impunidade no país”.
Amoêdo disse que pessoalmente é contra o aborto, salvo em casos previstos em lei e também entende que cabe ao Congresso Nacional tomar a decisão final sobre a descriminalização do procedimento, não ao Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, a ação que discute o assunto está na Suprema Corte.
Ele defendeu legislação mais rígida e maior integração das polícias, fiscalização de fronteiras e o “fechamento de ciclo” desde a repressão ao rastreamento de recursos financeiros. Também se disse favorável à reforma dos presídios com a participação da iniciativa privada.
O candidato afirmou que é preciso melhorar a fiscalização com mais emprego de tecnologia. Ele defendeu a maior integração entre a Polícia Federal e as forças policiais estaduais.
Para o candidato, o ideal é que a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro, que começou em fevereiro, seja “descontinuada”, ou seja, interrompida. Segundo ele, a entrada do Exército no estado foi positiva, mesmo sem o planejamento adequado. Porém, lamentou o fato de as emendas constitucionais não poderem ser votadas neste período.
Ele disse que é favorável à redução da maioridade penal para 16 anos, pois argumentou que se o jovem pode votar também deve assumir responsabilidades. Ao ser questionado sobre a concessão de indultos para condenados, respondeu que vê o Brasil “muito benevolente“ e promete ser “mais restritivo”.
Defendeu a aprovação da emenda constitucional que prevê a condenação após julgamento em segunda instância da Justiça. Na sua opinião, as medidas reduzem o “sentimento de impunidade no país”.
Para o candidato, deve haver a formação de consórcios entre os municípios para atendimento da população por meio de parcerias com o Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta é reunir de cinco a sete municípios em parceria para que um hospital atenda a todos. Também propõe criar um vale-saúde, que dará recursos as pessoas para que paguem uma clínica popular ou um plano de saúde mais popular.
Ele se disse pessoalmente contra o aborto, salvo em casos previstos em lei. “Entendo que a gente precisa seguir a decisão do Congresso porque ela irá representar a demanda da maioria da população brasileira”. Para o candidato, o governo deve investir na prevenção e educação. “Porque, no meu entendimento, a gente está tirando uma vida humana”. Porém, como a decisão pode ser definida pela Suprema Corte, ele disse que o governo terá de cumprir. “Isso não deveria ser uma decisão do Supremo, mas uma decisão debatida no Congresso. Discordo de essa ideia de o Supremo estar legislando, tomando para si essa responsabilidade”.
Amoêdo disse que o programa Bolsa Família “tem um desenho interessante” e é a ação social que atinge a parcela mais pobre da população, obrigando a escolarização e ao custo baixo. Segundo ele, será preciso trabalhar mais a educação para criar “portas de saída” do Bolsa Família. “A gente tem que medir o sucesso pela quantidade de pessoas que saem e não pela quantidade das pessoas que entram”. Ele acrescentou que vai manter o programa caso eleito.
Para ele, é necessário “mudar os pesos” os investimentos em educação, alertando que a União gasta mais com o ensino superior e menos com ensino básico. Também disse que é preciso melhorar a gestão e atrair mais “gente boa” para pedagogia e mudar o currículo, alterando-o para que a parte teórica fique reduzida. O candidato também propõe um vale-educação para que a pessoa possa ir na escola privada e matricular o filho. “Quem tem recursos consegue colocar o filho na escola de melhor qualidade”, disse. Para ele, o vale-educação pode diminuir a desigualdade na sociedade brasileira.
Segundo ele, o ideal é não mexer na política de cotas. Porém, é preciso avançar, de acordo com o candidato, dando mais oportunidades para população de baixa renda, resolvendo assim uma “falha do Estado”. “Não mexeria na [política de] cotas, mas não acho uma boa solução”. Para ele, é importante que os investimentos sociais venham tornar as cotas desnecessárias no futuro.
Ele defendeu que o Estado crie oportunidades tanto para os desempregados como também para desalentados, pessoas que nem procuram mais trabalho. Segundo o candidato, é preciso equilibrar as contas públicas, estimular a concorrência, simplificar os tributos e facilitar a abertura e fechamento de empresas. Também disse que é necessário “abrir mais a economia”. De acordo com Amoêdo, é fundamental “dar segurança jurídica” para dar “um horizonte para que as pessoas possam investir”.
Admitiu que teme “soluções artificiais” para reajustar o salário mínimo. Reconheceu que o “salário mínimo é muito baixo”. Defendeu reajuste com base na inflação. Para o candidato, o valor pode aumentar com o aumento da produtividade da força de trabalho, estagnada desde a década de 1940.
Defendeu que a Reforma da Previdência “tem que ser feita”. Segundo ele, uma reforma simples que estabeleça a idade mínima de 65 anos para se aposentar e o fim da distinção entre os sistemas que pagam os funcionários públicos e os empregados dos regimes privados. Ele promete avaliar aumento da contribuição previdenciária dos trabalhadores rurais.
Amoêdo defendeu a redução dos ministérios para no máximo 12 pastas. Atualmente, o país tem 24 ministérios e cinco pastas com status de ministério.
Amoêdo aproveitou um minuto para detalhar que a criação do Partido Novo teve o objetivo de construir um Brasil diferente, seguro, simples e livre, sem privilégios para alguns. “Gente que vai dar exemplo, cortando privilégios.”
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