O ‘isolacionismo” e o “unilateralismo” criticados pelo presidente Michel Temer no discurso inaugural da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) foram enaltecidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “A América é governada por americanos; rejeitamos a ideologia do globalismo e adotamos a doutrina do patriotismo”.
Ficou claro, nos dois primeiros discursos, que o que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil. Antes dos dois, coube ao secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, advertir para o perigo da divisão e do populismo aos oradores que o seguiriam.
Ao isolacionismo, o presidente Michel Temer contrapôs mais abertura e mais integração, com aceitação de refugiados e adesão ao fluxo internacional de comércio e investimento. Sob Trump, o lema America First se tornou sinônimo de América Sozinha, com barreiras a imigrantes, guerra comercial contra parceiros e a China, e a retirada dos Estados Unidos de acordos e órgãos multilaterais.
Temer defendeu a ordem internacional, enquanto Trump a deplorou ao lembrar que os Estados Unidos é o maior doador de ajuda externa, mas pouco recebe em troca. E mais: defende países exportadores de petróleo, que cobram dele um preço maior pelo produto.
O inimigo da vez de Trump, ano passado era o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, hoje um “corajoso” amigo, é o Irã. Ele pediu que o mundo o isole para paralisar sua agenda sangrenta que ameaça Israel e desestabiliza a Síria e o Iêmen.
“Não podemos permitir a um patrocinador mundial do terrorismo a posse da mais mortal das armas” – comentou Trump. No momento em que ele falou que a Alemanha vai se tornar refém de um oleoduto da Rússia, a bancada alemã dava risadas.
A Venezuela foi punida por mais sanções econômicas, anunciadas ao vivo, a China criticada por suas práticas comerciais, e Assad, da Síria, execrado, mas os Estados Unidos, como nunca antes na história, está tendo um extraordinário progresso, e graças a ele. Mais risos. E aí Trump disse que “não esperava uma reação assim… mas tudo bem”, e mergulhou mais profundamente em seu ufanismo.
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