“Não vai ter cadeira para todo mundo”, comentou uma pessoa presente no gabinete do prefeito de Bela Vista do Paraíso, Edson Vieira Brene (PR), quando viu chegar a comitiva do deputado federal Emerson Petriv (PROS), o Boca Aberta. Por volta das 10h dessa quinta-feira (25), a equipe chegou em três carros. Um deles, a “viatura” com sirenes ligadas, placas oficiais da Câmara Federal, e adesivada com a foto do pai e do filho, o deputado estadual Matheus Petriv (PROS), o Boca Aberta Junior.
Trajando as camisetas do político, – uma versão do uniforme do Londrina Esporte Clube (LEC) – assessores, cinegrafista, seguranças e até um filho mais novo ocuparam o espaço do gabinete. Sempre sob a luz da câmera, Boca Aberta tratou logo do assunto em pauta: a entrega de uma emenda parlamentar para a saúde do município, um recurso de R$ 300 mil. (Leia aqui)
Repetindo os seus bordões e reforçando o discurso de figura do povo, de um político diferente, ele também se dedica a relembrar, sempre, a presença do filho. Com apenas 23 anos, Matheus é o deputado mais jovem da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná e garantiu a vaga apoiado na figura do pai, que havia sido o vereador mais votado da história de Londrina.
Depois da conversa com Brene, e claro, das fotos de divulgação que se somaram às filmagens, Boca Aberta deu entrevista exclusiva para o Telégrafo. Dentre os assuntos abordados estão a sua atuação em Brasília, a relação com o governo Bolsonaro, seu voto a favor da reforma da Previdência e disputa pela Prefeitura de Londrina. Ouça abaixo os trechos da entrevista.
Depois de sua polêmica passagem pela Câmara de Londrina, Boca Aberta mantém, na Câmara Federal, o estilo que lhe custou o mandato. Na mira de sua língua afiada estão deputados à esquerda e à direita, e até mesmo o seu próprio partido. “Os deputados têm muito receio de mim porque eu falo de A a Z”, afirma. Ele falou também de suas impressões sobre Brasília.
Quando vereador, Boca Aberta teve o mandato cassado pelos colegas depois de já ter recebido advertência em outro processo. Mas apesar dessa relação conturbada com o próprio partido e com os outros parlamentares em Brasília, ele diz não ter medo de sofrer nova cassação.
Questionado, Boca Aberta diz ter boa relação com o Presidente Jair Bolsonaro, mas afirma não tem “rabo preso” com o governo. Ele fala que vai apoiar projetos que considere positivos. “Se o projeto é ruim, além de eu votar contra eu vou sentar o pau na cabeça”, disse.
Como já revelou o Telégrafo, a maioria dos deputados federais mais votados em Bela Vista foi a favor do texto-base da reforma da Previdência. Boca Aberta, o terceiro mais votado, justificou a sua decisão. Disse que a reforma era necessária e a comparou a reforma de uma casa. Ele também afirmou que apresentou emendas para tentar mudar pontos negativos do texto do governo Bolsonaro, e que votou contra outros pontos negativos.
Causou polêmica a liberação de emendas parlamentares para os deputados que votassem a favor da reforma. Conforme reportagem do UOL, o Governo Federal liberou um valor recorde em emendas parlamentares às vésperas da votação. Foram R$ 2,7 bilhões empenhados em apenas dez dias. Boca Aberta afirmou que os R$ 300 mil que ele enviou para Bela Vista não fazem parte dessa política do “toma lá, dá cá”, que ele disse abominar.
Outra questão abordada foi o resultado da pesquisa do Instituto Multicultural, que coloca Boca Aberta e o ex-prefeito Alexandre Kireeff (PODE), com respectivamente 23% e 22,5% das intenções de voto para prefeito de Londrina nas próximas eleições. O deputado não negou que tenha a intenção de concorrer: “Se for da vontade de Deus, nós vamos”.
O Telégrafo questionou como ficaria a representação dos eleitores do deputado na Câmara Federal caso ele abandonasse o mandato para se tornar prefeito. Boca Aberta acabou não respondendo.
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