A fala do vereador Geovane Pascoal (DEM) na sessão da Câmara Municipal de Bela Vista do Paraíso gerou polêmica nas redes sociais e reações por parte de autoridades. Em um pronunciamento na terça-feira (6), o sargento aposentado sugeriu o fechamento da Defesa Civil, instalada há quase 15 anos em Santa Margarida. Em entrevista, o vereador afirmou que a intenção era apenas gerar um debate. O Telégrafo ouviu o prefeito, o comandante da Defesa Civil e o próprio vereador. Também analisamos os gastos da instituição e o número de ocorrências atendidas. Leia abaixo.
A fala do vereador sobre esse assunto durou menos de um minuto. Foi rápida, mas acendeu uma grande discussão. Ele propôs ouvir o comandante da Defesa Civil e questionou: “Precisamos ver se é viável manter a Defesa Civil aberta, porque por enquanto é só despesa”, disse. Ele sugeriu ainda que os agentes de defesa civil fossem trabalhar na Garagem Municipal, nos serviços gerais. Assista:
Na fala, Pascoal afirma que são nove pessoas trabalhando na Defesa Civil. Na verdade, são sete agentes, em escala de plantão 24h de trabalho por 48h de folga, e uma auxiliar de serviços gerais, durante o dia. Ele também afirmou que são gastos R$ 50 mil por mês com a unidade. Porém, os dados do Portal da Transparência mostram que em 2020, último ano fechado, a Defesa Civil teve um gasto de R$ 30,4 mil por mês, em média. Nos anos anteriores, o valor foi menor, chegando a R$ 24,9 mil.
Em um áudio do WhatsApp obtido pelo Telégrafo, o legislador diz que realmente estava articulando para fechar a Defesa Civil. Ouça:
Pascoal questionou a quantidade de ocorrências atendidas, sugerindo que são poucas. Por isso, o Telégrafo fez um levantamento dos dados oficiais dos Bombeiros do Paraná e constatou que os agentes atenderam 261 ocorrências em 2020, somente em Bela Vista do Paraíso. Foram 27 acidentes de trânsito, três atendimentos pré-hospitalares, 19 atendimentos comunitários, 44 buscas e salvamentos e 168 incêndios.
Atualmente, a Defesa Civil está sob o comando do subtenente do Corpo de Bombeiros Giovani Bordin. Ele é filho do ex-vereador Robilan Bordin, um dos responsáveis pela implantação da unidade, em agosto de 2006. O subtenente ajudou a instalar a Defesa Civil na cidade, quando houve a formação e estágio dos novos agentes.
Em entrevista na sexta-feira (9), Bordin avaliou a fala de Pascoal como a ideia individual de um vereador. “Devido à falta da informação exata, querendo economizar e sanar outros setores, surgiu essa ideia”, disse o militar. Ele afirmou que pretende esclarecer as eventuais dúvidas dos vereadores e levar a informação correta à população. “Nós vamos estar levando a conhecimento dos vereadores a real situação dessa brigada comunitária, para eles entenderem que não é muito [o gasto]”, declarou.
Bordin também lembrou de ocorrências importantes, nas quais tragédias foram evitadas. Um delas foi um incêndio em um fábrica de móveis, que poderia ter tomado conta do barracão e eventualmente custado empregos, se não fosse a ação rápida da Defesa Civil. Também foram combatidos vários incêndios em máquinas, grandes em plantações e silos, que poderiam custar milhões aos proprietários.
Houve ainda vários combates de incêndios em residências. Uma delas ocorreu na casa de um ex-prefeito de Bela Vista. Outro caso de urgência foi o de um motociclista que colidiu contra o rodado de um caminhão e foi para embaixo de uma carreta. A guarnição conseguiu um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para transferir a vítima.
Mais recentemente, os agentes salvaram a vida de um bebê que estava engasgado. Fora os casos de atendimentos após temporais, em residências destelhadas, ou que desabaram. A Defesa Civil também trabalha na prevenção, com palestras e simulados para alunos de escolas e trabalhadores, dentre outros inúmeros atendimentos.
Questionado pelo Telégrafo, o prefeito Fabrício “Jacaré” Pastore (DEM) afirmou que não tem planos de fechar a Defesa Civil. “Eu não vou acabar e deixar nossa cidade desamparada. Agora, é um despesa a mais para o nosso município. Então é uma despesa que preocupa, mas não é questão de acabar”, declarou.
Segundo ele, a ideia é procurar ajuda dos municípios vizinhos, para dividir os custos, ou conseguir a instalação de uma unidade dos bombeiros militares. “A vantagem da militarização é que os custos não seriam do município”, disse o prefeito.
Em entrevista nesta segunda-feira (12), o vereador disse que nunca quis fechar a Defesa Civil. Pascoal afirma que pretendia usar a polêmica para causar um debate sobre os valores gastos, já que a Defesa Civil de Bela Vista atende toda a região mas paga a conta sozinha. Assista à entrevista:
A ideia é realizar uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir o assunto.
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