Quatro adolescentes de 16 anos ficaram seriamente feridas após serem arremessadas de um brinquedo, em um parque de diversões itinerante montado em Ceres (GO), a cerca de 170 km de Goiânia. O acidente ocorreu na madrugada deste domingo (26).
Segundo o Corpo de Bombeiros, a barra de segurança do brinquedo Surf se abriu e quatro amigas foram imediatamente ejetadas. Todas sofreram escoriações e suspeita de fraturas. O caso mais grave foi o de Isabela do Amaral Vieira. Além da queda, a jovem foi atingida pelo brinquedo antes que o operador conseguisse desligá-lo.
A assessoria do Hospital de Urgência de Anápolis confirmou que Isabela segue internada, em estado grave, mas que os detalhes de atendimento só são fornecidos à família da adolescente. Ontem (26), parentes da menina informaram a jornalistas que ela teve um rim removido em função de uma hemorragia interna. A reportagem não conseguiu contatar amigos e familiares da garota.
As outras três adolescentes foram inicialmente atendidas na Unidade de Pronto Atendimento de Ceres. Com escoriações e fraturas, Mariane Oliveira Dias, Talia Aparecida Pires e Tatiele Carvalho Evangelista tiveram que ser transferidas para outros estabelecimentos de saúde da região. Funcionários da unidade de Ceres disseram não poder informar à reportagem o destino e o estado de saúde das garotas. A reportagem também não conseguiu conversar com nenhum representante da Secretaria municipal de Saúde e ainda aguarda resposta às perguntas enviadas por e-mail.
A Polícia Técnico-Científica está apurando as possíveis causas do acidente. Já a assessoria do Corpo de Bombeiros de Goiás informou que o parque foi vistoriado e a licença de funcionamento provisório e os laudos de segurança de todos os brinquedos estão em ordem.
Responsável pelo parque montado como uma das atrações da já tradicional Feira da Indústria, Comércio e Serviços de Ceres e Rialma (Feicer), Anderson Amorim Gonçalves explicou à Agência Brasil que os brinquedos foram sublocados de mais de uma pessoa. O Surf pertence a um amigo seu e já havia sido usado outras vezes, sem problemas.
“Estamos aguardando o laudo da perícia técnica para tentar entender o que houve. Os responsáveis me garantiram que todas as exigências legais foram cumpridas; que a documentação está toda em dia. E, pelo que conheço, o brinquedo tem duas travas, uma de segurança e uma contra-trava. Se bem manuseadas, é muito difícil que as duas se abram se que haja uma fatalidade”, comentou o empresário, garantindo que, embora o parque não tivesse seguro, arcará com todas as responsabilidades. “Estamos procurando dar assistência às famílias, pedindo a Deus que as adolescentes se recuperem e vamos arcar com o que tivermos que arcar.”
Em nota, a prefeitura de Ceres lamentou o acidente e prestou solidariedade às vítimas e suas famílias. Assinada pelo prefeito Rafael Dias Melo, a nota assegura que as autoridades locais só autorizaram o funcionamento do parque após seus responsáveis apresentarem toda a documentação prevista em lei.
“Nesse momento de consternação, todos devemos voltar nossas orações à recuperação das vítimas, esperando que os fatos sejam apurados para a responsabilização de quem realmente se omitiu nesse caso”, acrescenta a nota, à qual são anexados os documentos que, segundo a prefeitura, demonstram a situação regular do parque.
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-GO) já instaurou procedimento administrativo para apurar as causas do acidente e se houve falha por parte do profissional que assinou o laudo técnico atestando a segurança do brinquedo. “É a análise deste laudo, mais a manifestação do profissional, que nos permitirá tomar uma decisão sobre o que fazer”, disse o engenheiro civil e gestor do departamento técnico do Crea-GO, Edvaldo Pereira Maia. Segundo ele, ainda é cedo para antecipar hipóteses sobre a razão da falha no brinquedo.
“Um profissional do Crea já está na cidade, vistoriando os equipamentos, sobretudo o que sofreu o acidente. Muita coisa pode ter acontecido. O acidente pode ser consequência de uma falha mecânica, de erro na instalação ou até mesmo de erro de operação. Se, ao fim, constatarmos que houve negligência, imprudência ou erro técnico do engenheiro responsável, ele responderá a um processo que pode resultar em advertência; censura pública; suspensão das atividades e até a cassação do registro profissional”, acrescentou Maia.
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