Jovens que terão 16 anos no dia da eleição já podem fazer o Título de Eleitor

A rapidez do processo para fazer o Título de Eleitor foi o que mais surpreendeu dois estudantes do Ensino Médio que estiveram no Fórum Eleitoral de Bela Vista do Paraíso. Em dez minutos, os jovens Mikaelly Pires Afonso Oliveira e Geovane Eloy Origuela Melo já estavam com o documento em mãos. Eles também poderão baixar o e-Título, aplicativo para celulares que substitui o documento impresso.

A estudante contou que não esperava que seria tão rápido. “Digamos que foi desmistificado, porque eu achava que seria uma coisa terrível, que demoraria muito e seria chato. Achei muito legal o jeito que eles atenderam a gente, para tirar as dúvidas”, contou.

Os dois colegas, que estudam no Colégio Estadual Jayme Canet, ilustram as regras sobre a idade necessária para tirar o Título. Mikaelly tem 16 anos. Não é obrigada, mas já pode participar das eleições. Geovane tem 15 anos, mas terá 16 no dia da eleição, em 4 de outubro, já que faz aniversário em agosto. “Eu não sabia que podia fazer o Título com 15 anos”, disse. Foi uma boa surpresa, porque ele queria depositar o seu voto nesse ano. “Ele estava todo triste porque não ia poder votar”, brincou Mikaelly.

Mikaelly Pires Afonso Oliveira, de 16 anos, já saiu com o Título em mãos. Foto: Filipe Muniz

O PROCEDIMENTO

No Fórum Eleitoral, os dois puderam experimentar como é uma votação. Eles escolheram candidatos em uma lista de nomes fictícios e votaram em uma urna eletrônica real. Os servidores explicaram sobre a biometria, a diferença entre votos em branco e nulos, e como é o procedimento no dia da eleição.

O chefe do Cartório Eleitoral, Pedro Gianvecchio, recomenda que os jovens que terão 16 anos até o dia 3 de outubro já procurem o Fórum Eleitoral. O prazo final termina em 6 de maio, porém, deixar para a última hora é certeza de enfrentar filas. Os rápidos 10 minutos podem passar mais de 30.

“Na hora da matrícula na universidade, vai ser pedido o Título de Eleitor. Aí o estudante vai ter que fazer na correria. Se vier com documentação errada, não consegue fazer no dia, aí tem que voltar em casa. Então, agora a pessoa já faz com calma. Porque um dia ou outro vai ter que fazer”, lembrou Gianvecchio.

O chefe do cartório eleitoral, Pedro Gianvecchio, recomenda não deixar para a última hora. Foto: Filipe Muniz

Para fazer o Título de Eleitor são necessários um documento de identificação com foto e um comprovante de residência. No caso dos estudantes, é bom se certificar de que o comprovante está no nome dos pais. Outra opção é levar uma declaração de matrícula, ou correspondência oficial que comprove a ligação com o município de Bela Vista do Paraíso.

POLÍTICA

A eleição municipal de 2020 será a primeira de Mikaelly e Geovane. Mas não será o primeiro contato dos dois com a política. Ambos são vereadores mirins no projeto executado pelo professor Robson Gomes em parceria com a Câmara Municipal. Além de realizarem sessões, os alunos que participam do Câmara Mirim também recebem formação sobre política, ética, cidadania, administração pública, leis (municipais, estaduais e federais), assim como, encaminhamentos legais e os trâmites do legislativo.

Os dois estudantes contam que gostaram de participar do projeto. “Eu gostei que a gente pode aprender uma parte que muitas pessoas têm dúvida, que é sobre a política e a economia”, afirmou Geovane. Já Mikaelly disse que mudou sua percepção sobre a política. “Eu gostei bastante porque sempre achei que política fosse uma coisa muito chata. Só que quando a gente estava lá dentro, a gente percebeu que é totalmente diferente”, disse.

Geovane Eloy Origuela Melo terá 16 anos no dia da eleição municipal. Foto: Filipe Muniz

Ela disse as pessoas falam que o futuro está nas mãos dos jovens, mas não ensinam o que fazer. “É muito difícil todo mundo jogar a ‘bomba’ em você e sair correndo”, declarou. Para ela, a participação no projeto foi uma forma de aprender sobre o assunto. “Lá a gente teve a consciência de que nossa hora não era o futuro, era agora, e a gente tinha que aprender”, afirmou.

Apesar do aprendizado, os dois estudantes ainda se dizem ansiosos em relação às eleições. “É complicado. Especialmente na primeira vez, a gente fica com aquela esperança, né, sobre quem vai ganhar, se vai fazer alguma coisa… A gente tem muito medo de votar em um candidato achando que ele vai fazer alguma melhoria, mas chegar lá e piorar. Então o medo, a ansiedade… é muita coisa misturada”, contou Mikaelly.

Para eles, é difícil saber qual candidato escolher e quais os critérios para essa escolha. Porém, a jovem afirma que o processo pode ser um pouco mais fácil por não ser uma eleição nacional. “Acho que por o nosso primeiro voto ser o municipal, é muito mais fácil pra gente ter uma noção”, concluiu.