Bela-vistenses dão o sangue para ajudar quem precisa

“Toda vez que a gente vai e eu vejo os doadores sorrindo, felizes, eu imagino aquele sorriso sendo transfundido junto com o sangue para a pessoa que está precisando”. A frase da auxiliar de laboratório Luciane Leite Higuchi resume muito bem o objetivo do grupo criado por ela no ano passado: ajudar as pessoas cuja vida depende da doação de sangue.

O grupo Bela-vistense Sangue Bom surgiu em novembro de 2018. Luciane, que já era doadora, queria encontrar uma forma de incentivar mais doações. Tentou trazer para o município um dos ônibus de coleta de sangue, mas não foi possível.

Luciane Higuchi (na frente) criou o grupo no ano passado. Foto: Divulgação

Com ajuda da prefeitura, fez o caminho inverso. Um ônibus cedido pelo município levou o primeiro grupo, de 18 pessoas, até o Hemocentro de Londrina, responsável por distribuir sangue para 21 municípios da 17ª Regional de Saúde. “O Hemocentro também ajuda Bela Vista, né?! Então nada mais justo do que a gente colaborar com eles”, afirma a organizadora do grupo.

De novembro para cá, o número de voluntários foi crescendo. São 100 integrantes que se revezam em quatro grupos, com doações sendo feitas em todos os meses. Neste Junho Vermelho, excepcionalmente, serão duas as oportunidades de doar. A primeira já ocorreu no dia 1º e haverá nova ‘caravana’ neste sábado (29).

Em diversas ocasiões, os voluntários bela-vistenses – depois de deixarem naquelas bolsas de sangue a esperança para quem necessita – foram recebidos em Bela Vista por pessoas que já precisaram da doação. “Nada como você ouvir e ver a pessoa que precisou e está bem, levando uma vida normal”, comenta Luciane.

Doação de produtos de higiene e limpeza feita ao Lar Jayme Watt Longo (asilo). Foto: Divulgação

INCENTIVOS

Durante o trabalho, surgiu até um personagem que busca incentivar as doações. É o Super Doador, vivido por Marco Aurélio Bertoni. Doador desde os 20 anos, o servidor municipal de 40 anos ajuda a organizar e a conseguir voluntários, sempre de olho no objetivo principal: criar doadores regulares, já que a necessidade nunca acaba.

“Não tem dinheiro no mundo que pague você saber que está ajudando a salvar vidas e conscientizando as pessoas sobre essa importância. O personagem é muito bom porque se tem uma coisa lúdica no meio, acho que chama mais a atenção, tanto para adultos quanto para as crianças”, declara ele, que realiza panfletagem incentivando a doação, não apenas de sangue, mas também de cabelo, medula e até mesmo abraços.

Enquanto ajudam os que precisam da transfusão, o grupo também foi ajudado. Por exemplo, através do patrocínio de comerciantes eles conseguiram produzir camisetas que são dadas aos voluntários. O que pode parecer apenas acessório, mas, para Luciane Higuchi, tem um simbolismo importante. “É muito bonito quando eu entrego a camiseta e a pessoa vai lá, coloca, e volta com outro semblante. Porque ela passa a fazer parte de um grupo, ela está indo por uma causa nobre”, conta.

Na foto, Luciane Higuchi, o dr. Fausto Trigo, o vereador Tio Douglas, o Super Doador e a pequena Maria Tereza, que precisa de transfusão a cada quatro semanas. Foto: Divulgação

HOMENAGEM

A iniciativa do Bela-vistense Sangue Bom recebeu, em 18 de junho, uma homenagem da Câmara Municipal de Londrina, onde o vereador Tio Douglas (PTB) foi autor de uma lei que criou a Quinzena Municipal de Conscientização à Doação de Sangue. Conforme declarou na ocasião o médico Fausto Trigo, coordenador do Hemocentro, a quantidade de sangue recebida aumentou com o apoio de grupos voluntários, mas ainda não atingiu a meta. “Coletamos cerca de 1,3 mil bolsas por mês, mas precisamos chegar a 1,8 mil para atender a todos os hospitais da 17ª Regional”.

Para Luciane, o objetivo, então, é ajudar o Hemocentro a chegar nessa meta. “A gente não sabe o dia de amanhã. Como eu gostaria de, se eu chegar a precisar, saber que tem um grupo de voluntários que vai me ajudar”, declara.

Em Bela Vista, existe, desde o ano passado, a Lei 1.212/2018, que institui o junho Vermelho e determina que o poder público deve desenvolver campanhas de conscientização. No entanto, o texto ficou na gaveta. Não houve divulgação de campanha, tanto que o grupo Bela-vistense Sangue Bom, questionado pelo TELÉGRAFO, nem mesmo sabia da existência da lei.

O carnaval promovido aos moradores do asilo. Foto: Divulgação

AÇÕES SOCIAIS

Além das doações de sangue, o Bela-vistense Sangue Bom também realiza ações sociais em prol da comunidade. Um exemplo foi o carnaval solidário no Lar Jayme Watt Longo (asilo), com doação de produtos de higiene e limpeza, e a festa de carnaval, com máscaras e adereços para os idosos.

Os voluntários também doaram o seu tempo e dedicação para levarem kits de pintura, custeados por uma rifa de Páscoa, aos pacientes do Hospital do Câncer. Além desses equipamentos para colorir – uma forma de passar o tempo – os integrantes do grupo também levaram alegria. “Nós fomos de quarto em quarto com um de nosso doadores, que toca violão, cantamos e fizemos oração. Foi um momento muito gratificante”, avalia.

Os interessados em, literalmente, dar o sangue em favor dos que precisam podem obter mais informações e agendar sua participação pelo telefone ou Whatsapp da organizadora: (43) 9 9685-3554.

*Atualizada às 18h18